Vivemos
num país onde as pessoas se relacionam com o poder quase que de
maneira infantil e irracional. Os números da violência em todas as
suas formas estão aí para todos ver. Somos corruptos, violentos e
desiguais na distribuição de riqueza: tudo fruto de como nos
relacionamos em sociedade e com o poder que nos é dado. A relação
entre violência e poder está clara para Focault (1976) citado por
ROMERO (2007, p. 20) “a violência caracteriza-se por uma relação
de forças desiguais, configurando assim uma relação de poder onde
o mais forte subjuga, explora e domina o mais fraco.”
Combater
o Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes é combater o abuso de
poder presente inclusive nas instituições da chamada Rede de
Proteção aos Direitos de Criança e Adolescente. Não conseguiremos
a paz segurando um fuzil em direção a possíveis inimigos e
fantasmas que nos assombram. Precisamos combater a violência com uma
outra forma de vivermos o poder no nosso dia-a-dia: um poder que
promove o próximo, que agrega as pessoas. A Rede de Proteção
precisa funcionar através de um modelo de relações de poder
horizontalizado, preservando na esfera institucional e não na rede o
poder investigativo, fiscalizatório e punitivo de alguns de seus
membros: Conselho Tutelar, Polícia, Ministério Público e Poder
Judiciário. As “violências” cometidas contra a rede fortalece o
abusador de crianças e adolescentes.
O
Abuso Sexual de crianças e adolescentes depois de ter acontecido,
infelizmente, precisa ser denunciado: disque 100, 181 (no caso do
Paraná) ou procurem o Conselho Tutelar, equipamentos públicos de
educação e saúde (eles são obrigados a fazer a notificação de
suspeitas de abuso sexual e outras violências).
Os
conselheiros tutelares atenderam por todo Brasil 3468 fatos de abuso
sexual contra criança e adolescente em 2016 (www.sipia.gov.br). Na
realidade este número seria muito maior se eles registrassem todos
os fatos no Sistema Sipia. Sem esquecer que muitos abusos sexuais são
denunciados por outros canais e nem passam pelo conselho, ou, pior
ainda, muitos abusos se quer são denunciados. Segundo matéria
publicada no site R7 no ano de 2014 aconteceu 26 mil denúncias de
abuso sexual no Brasil através do disque 100. Acredito que no Brasil
todos os anos 100 mil crianças e adolescentes são abusados
sexualmente, basta somarmos todos os canais de denúncia e colocar
uma margem de erro para o silêncio dos fatos que não vem a público.
É MUITO, CHEGA!!!
Volto
a enfatizar o abuso de poder como principal causa do abuso sexual de
crianças e adolescentes. Ele se manifesta em diferentes valores e
simbologias da cultura brasileira: o machismo é um deles. A mulher e
a criança como objeto do homem: o “TODO PODEROSO PREDADOR!”. A
maioria esmagadora dos abusos sexuais são cometidos por homens.
Precisamos trabalhar uma nova concepção de homem para as famílias
e a sociedade brasileira.
Como
os meninos se relacionam com as meninas importa muito. Assim como se
relacionam com a necessidade “cultural” de demonstrar poder.
Estes são temas que deveriam ser abordados nas escolas, CRAS e CREAS
para o fortalecimento das famílias e combate ao abuso sexual. Fico
triste com a baixa presença de homens nos Serviços de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos executados no CRAS, assim como nas
reuniões na escola sobre os seus filhos. O Desafio das políticas
públicas é chegarem nos homens.
link
da campanha Paraná contra a Exploração Sexual da SEDS:
SITES
CONSULTADOS
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/vitimas_de_abuso.pdf
www.sipia.gov.br
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